Estudo desenvolvido pelo Compe – Serviço de Compensação de Cheques, mostra que a utilização de cheques no varejo brasileiro caiu 18,4% no ano de 2024, em relação ao ano anterior. Foram utilizados 137,6 milhões de cheques, dos 3,3 bilhões de cheques compensados desde 1995 quando começou o estudo pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “Isto demonstra que o cheque ainda é bem utilizado no varejo e tem a sua importância no comércio em geral”, disse o tesoureiro da Associação Comercial e de Inovação de Marília, Manoel Batista de Oliveira, ao tomar conhecimento da pesquisa. “Somente no ano passado os cheques movimentaram R$ 523,19 bilhões”, falou ao considerar o valor expressivo, para uma prática que se imaginou extinta. “Apesar da digitalização do cliente bancário os cheques ainda são bem utilizados entre os empresários”, falou surpreso.
De acordo com Manoel Batista de Oliveira os dados mostram também que o valor médio do cheque é mais alto, o que significa que a população está usando este meio de pagamento para transações de maior valor, enquanto as transações menores e do dia a dia são feitas com o Pix. “No ano passado, o tíquete médio dos cheques foi de R$ 3.800,87”, mostrou Manoel Batista de Oliveira, que é empresário tradicional e que de vez em quando, utiliza-se dos cheques para pagamento. “Empresários mais simples preferem, o que simplifica a negociação”, falou ao ter como alternativa a utilização do cheque para as transferências bancárias. “Ter como opção não deixa de ser um conforto pra o cliente”, apontou.
Outro aspecto apresentado pela pesquisa é que o uso dos cheques ainda é pela resistência de alguns clientes com os meios digitais, ou de empresários ultrapassados que só utilizam este meio. “Infelizmente tem empresário que só usa os cheques pela dificuldade digital, ou para utilização de caução numa compra, como opção em localidades com problemas de internet, entre outros”, falou ao sinalizar para a área rural como sendo o local mais utilizado neste sentido. “Em empreendimentos médios, muitas vezes a utilização dos cheques serve para a transferência de uma determinada quantia para terceiros”, lembrou o dirigente sobre outra necessidade dos cheques que normalmente é a única alternativa. “Não acredito que irá acabar, mas a tendência é de que a cada ano isso venha a ser diminuído”, opinou.
Manoel Batista de Oliveira lembra que os cheques tiveram uma importância muito grande no passado, mas o primeiro adversário foram os cartões de crédito, débito e de benefícios. “Estes sim impactaram bastante”, lembra o experiente comerciante que por décadas cuidou de um varejo na Zona Sul da cidade de Marília. “A própria associação comercial tinha um serviço exclusivo de consulta sobre os cheques”, recordou ao lembra que o serviço, apesar de ainda existir, chegou a ser a principal prestação de serviço da entidade. “Hoje o Cadastro Positivo substituiu aquele serviço com foco em quem tem crédito e não em quem deve na praça”, comparou ao lembrar que as fraudes com cheques são mais fáceis de serem realizadas, sem a consulta prévia. “Tudo evolui, e o Pix vem transformando as transações financeiras”, disse.
LEGENDA – Manoel Batista de Oliveira fala sobre a utilização, ainda, dos cheques, no setor empresarial com o passar dos tempos
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Márcio C Medeiros – Jornalista